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» A Erupção Submarina da Serreta em 1998-2001

... Acontecimento que marcou, recentemente, a história geológica dos Açores...

A erupção submarina iniciou-se nos finais de 1998, no baixio da Serreta, a cerca de 300 metros de profundidade, prolongando-se até meados de Março de 2000. Há registo de outra erupção nesta área, em 1867, um pouco mais perto da costa (ver localização).

A actividade vulcânica teve lugar em seis focos com actividades diferentes. A distribuição da lava que chegava à superfície, permitiu traçar um mapa da erupção. Aceitando que a distribuição foi representativa da posição dos focos em profundidade, tal parece indicar que, neste sistema eruptivo, houve duas direcções preferenciais de fracturas a funcionar. Uma dessas direcções foi noroeste-sudeste (NW-SE), o que corresponde à direcção da crista da Serreta (um acidente tectónico da zona). A outra direcção é sudoeste-nordeste (SW-NE). O sistema vulcânico ao longo da crista da Serreta esteve bastante activo entre Dezembro de 1998 e Setembro de 1999. A actividade decaiu para níveis muito baixos em Dezembro de 1999, aumentando novamente no final de Janeiro de 2000.

Descrição da erupção

As primeiras manifestações foram sentidas entre os dias 25 e 30 de Novembro de 1998, tendo-se registado um conjunto de fenómenos sísmicos com uma frequência acima do normal, embora imperceptíveis para a população. De acordo com os sismógrafos da região, foram registados mais de 150 microssismos.

A 18 de Dezembro de 1998, fizeram-se ouvir os primeiros relatos dos pescadores, segundo os quais emanações de gases vulcânicos estariam a subir do fundo oceânico. A erupção viria a ser confirmada a 22 de Dezembro do mesmo ano.

A lava originava blocos que subiam para a superfície por serem globalmente menos densos que a água (por serem ocos) - autênticos balões de lava (Fig. 1). Alguns desses balões, bastante escuros, eram enormes, do tamanho de secretárias, e apareciam quando menos se esperava, silenciosamente. Os balões ascendiam à superfície e flutuavam durante alguns minutos libertando o gás que estava no seu interior (Fig. 2). O arrefecimento dos balões, no seu contacto com a água do mar, levava à formação de uma coluna de fumo branco (fig.3).

Fig. 1 - Bloco de lava que sobe para a superfície por ser oco. Fig. 2 - Balões de lava flutuando à superfície.
Fig. 3 - Balão de lava (a sua cor varia entre o castanho cor de terra e o negro) que liberta uma fumarola, branca, provocada pelo choque de temperaturas.

O fumo branco era um misto dos gases libertados pelo balão de lava (principalmente água e um pouco de CO2 e de SO2) e do vapor de água produzido pelo choque de temperaturas. Aquando da subida do bloco à tona, o seu núcleo interno encontrava-se em fusão, a cerca de mil graus celsius, e a água do mar fervia durante uns momentos à superfície, que variava de um a quatro minutos. A coluna de vapor branco extinguia-se gradualmente. A pedra circulava ainda por breves instantes sobre as vagas. Depois, afundava-se, por vezes depois de explodir, libertando um cheiro forte e desagradável a enxofre. Outras quebravam-se ou fendiam-se, assemelhando-se a pipocas a estalar. Era evidente o papel da água a entrar no balão, devido à vaporização violenta, quase instantânea.

Os gases em expansão no interior dos balões mantêm uma enorme cavidade sem lava, produzem vesículas na massa que solidifica com o arrefecimento produzido pela água do mar. A superfície dos balões apresenta um aspecto irregular, coberta de vidro vulcânico vesicular (Fig. 4).

Este fenómeno é extremamente interessante porque poderá explicar o que observamos na geologia do vulcanismo submarino, quando encontramos grandes acumulações de fragmentos de vidro no fundo marinho, os chamados hialoclastitos. Até agora estes hialoclastitos têm permanecido um enigma para a ciência. A resposta para este mistério poderá estar relacionada com a ascensão de bolhas de lava à superfície. Este é um fenómeno aparentemente raro, do qual a literatura científica não tem até hoje mais do que um ou dois relatos.

Espera-se que se desenvolva ali, posteriormente, actividade hidrotermal, com a formação de fontes termais submarinas.

Fig. 4 - Vidro vulcânico vesicular (recticulite) da superfície exterior de um balão de lava.
"(...) É a primeira vez, nos últimos 30 anos, que se observa um fenómeno deste tipo no Atlântico, e esta será a 2ª missão científica de sempre para o estudo de uma erupção com estas ceracterísticas (...)" (05-04-99, DN)
"(...) as pedras "ocas" que ascendem à superfície, assemelham-se a pipocas a estalar (...)" (07-04-99, Público)
"(...) Aquilo é uma coisa nunca vista, dizem os pescadores (...)" (18-12-98, DN)
"(...) cientistas regressaram ao último vulcão dos Açores. Nunca, o modelo eruptivo deste vulcão havia sido observado, nem descrito na literatura científica (...) (26-09-2002, Público)









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